Eu disse que cozinhava bem mas que não gostava de compras e amava crianças, mas não tinha tido filhos. Acabamos por nos entender nesse primeiro momento e partimos para o que chamo de intervenção direta: o problema que havia me trazido ali - a matemática. Peguei um papel e pedi que ele me desenhasse um carro igual aquele que víamos na garagem, pela janela do escritório. Ele desenhou, desenhou e me mostrou o resultado. Notei que havia diferenças entre o desenho e o que eu via. No desenho dele o carro tinha um adesivo na porta e um amassado na lateral. Comentei que o carro estava diferente daquele que eu via e ele me disse que havia desenhado o outro lado do carro, ou seja: estávamos vendo o lado do motorista e ele havia desenhado o lado do passageiro!! Surpreendida, fui comparar o desenho com o carro e estava correto: adesivo e amassado estavam do outro lado. Quebrado o "gelo" do primeiro momento, voltamos à mesa de trabalho e eu lhe desenhei uma raiz quadrada como essa aí em cima. Perguntei a ele o que era aquilo. Ele olhou, olhou, virou a página de várias maneiras e pegou o lápis, fez um bico menor e corpo de um pássaro. Foi buscar seus lápis de cor e fez um pica--pau!
Surpresa com o resultado do dia, aproveitei para mostrar a função da raiz quadrada e como era reltivamente simples resolvê-las. Ele fez comigo diversas tarefas e percebi que ele estava satisfeito por eu ter valorizado seu desenho, pois pedi para mim e com autógrafo dele.
Terminamos tarde, mas ele não parecia estar com fome ou ansioso para se reunir à família.
Após longa entrevista com o pai e depois com a mãe, fui ao colégio dele saber mais sobre esse tal distúrbio de atenção e de concentração relatado pela psicóloga da escola. Marcamos horário e percebi que ela pouco conhecia sobre esse menino. Dizia que andava distraído e que não tinha vontade de fazer nada que os professores pediam.
Organizei um plano de trabalho, com base Waldorf, para ele. Em minha maleta havia caderno de desenho, guache, pincéis, lápis de cor, giz de cera, argila. A cada estudo de 20 minutos, eu deixava que ele desenhasse ou esculpisse o que haviamos estudado. Se víamos célula e seus componentes no texto, eu pedia que ele desenhasse ou esculpisse a célula. Ele fazia e aprendia. Nas equações de primeiro grau, eu usava uma cor diferente para cada signo, de modo que ele entendia cada x ou y era distinto de outro. O aprendizado foi rápido e efetivo. Como tínhamos algum tempo ( passava as algumas tardes da semana com ele, de acordo com meu sistema de trabalho) levei um pedaço de mogno e ferramentas para que esculpíssemos. Ele escolheu

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